sábado, 19 de janeiro de 2019

As Empregadas Fabris


Arregaçam a manhã (as empregadas fabris) 
pernas como tesouras 
recortando a calçada 
ferem o lenho da mesa com 
sortes 
de boletim. Uma sirene as trouxe aqui 
(às 
empregadas febris) 
ancas de esboço perfeito sob 
vestes de operária 
tocam umas nas outras como 
inda fossem meninas mas a 
delas que vai noivar já 
traz o primeiro a caminho. E 
quando o cigarro se apaga 
(ou a 
cerveja se escoa) o 
que resta é a dor da tarde 
que nem esta chuva afaga 

gasóleo dos rapazes que 
lhes cantam a cantiga e 
as tomam pela cintura. Um 
foguete fecha a festa 
(pelo lado de dentro da coxa) 
há nelas a incerteza de 
não saberem se são 
incompletamente infelizes. 

João Luís Barreto Guimarães, in 'Rés-do-Chão' 

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